A Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) votou nesta quinta-feira (1), após dois dias de discussão, pelo afastamento de seis meses do deputado Fernando Cury (Cidadania), acusado de importunação sexual contra Isa Penna (PSOL), em dezembro de 2020.
Vários parlamentares falaram sobre o caso nas sessões de quarta e quinta. Entre eles, deputadas que se declararam oposição política a Isa, mas que apoiam uma pena mais rígida a Cury.
"Não tenho a menor simpatia pela deputada Isa Penna, não gosto das suas colocações. Mas eu sou mulher. Não aceito o que Cury fez, é um absurdo, e nós mulheres temos que estar contra isso", afirmou Valéria Bolsonaro (sem partido), na quarta.
Presidente do PSL na Alesp, a deputada Janaina Paschoal se colocou a favor da cassação de Cury após explicação sobre os trâmites constitucionais. "Sou a favor da cassação porque ele atentou contra a casa. E a defesa de Cury, ao falar que ele abraça as colegas, parece que todas as mulheres dessa assembleia aceitam ser tocadas", criticou.
Ao final de quinta, muitos deputados comemoraram o aumento da pena. "Você serve de exemplo para muitas mulheres nesse país, saio vitoriosa", disse a deputada Analice Fernandes (PSDB), se dirigindo a Isa Penna.
Presidente do Conselho de Ética, Maria Lúcia Amary (PSBD) afirmou que o momento de hoje significa que a justiça está sendo feita. "Recuperamos o momento histórico da maior assembleia da América Latina de que somos guardiões da ética e queremos que haja decoro. Punição exemplar para que não se crie precedentes. Estamos dando uma resposta à sociedade."
A deputada Isa Penna se pronunciou dizendo que a luta pelo aumento da punição não era contra Cury, mas "contra um sistema" de opressão e violência contra mulheres. "É por todas nós. Chega de assédio. Se você estiver passando por uma situação de assédio, que esse caso te sirva de inspiração. Pode lutar sim, é uma luta que não tem arrego", disse.
Ao finalizar a votação, o presidente da Alesp, Carlão Pignatari, celebrou a unanimidade na votação do caso. "A assembleia dá um claro recado à nossa sociedade: não admite qualquer situação de assédio", discursou, ao final da sessão.
Cury não estava presente. É a primeira vez que uma casa legislativa no país dá uma punição para um caso de assédio contra uma mulher. Com a decisão, assume o cargo o suplente de Cury, padre Afonso Lobato (PV), que poderá exonerar os servidores do gabinete do deputado, que ficará sem verba. Cury ficará sem salário durante o período, e seu gabinete, sem verba.
Fonte de Pesquisa: