O Instituto Butantan anunciou que vai revisar a bula da vacina CoronaVac após prefeituras de cidades goianas e de outros 12 estados relatarem receber menos doses do que a quantidade indicada nos frascos.
Cidades de Goiás comunicaram os problemas com as duas últimas remessas da vacina, na quinta-feira (8), segundo o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems).
O instituto afirma que pode haver perda de doses no processo de aspiração do líquido dentro do frasco, e o uso de seringas e agulhas não recomendadas também potencializam a perda do imunizante.
"A gente vai fazer uma revisão da bula orientando a seringa correta na utilização, além da técnica de aspiração correta, para orientar de forma mais rápida todos os profissionais de saúde. Os fatos levam a essa hipótese mais provável", explicou o gerente de qualidade do instituto, Arthur Nunes.
Os fracos são envasados, atualmente, com 5,7 ml de vacina. O profissional de saúde usa 0,5 ml para vacinar uma pessoa, o que deveria levar a uma sobra de 0,7 ml, o equivalente a uma dose extra. Mas a Prefeitura de Goiânia, entre outras no Brasil, narrou justamente o contrário.
"Nós já identificamos 4.016 doses em perdas por falta nos frascos. Está tudo documentado, justamente informado no sistema às autoridades competentes de tudo mais", disse o secretário municipal de Saúde da capital, Durval Pedroso.
Segundo Arthur Nunes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) participa da investigação aberta pelo instituto com a finalidade de verificar os casos apresentados pelas prefeituras brasileiras.
"Hoje, todas as vacinas saem com volume excedente e é testado lote a lote. Em grande parte desses lotes, a gente consegue tirar até 11 doses. A gente envasa o frasco com 5,7 ml e é para ter as 10 doses", esclarece Nunes.
Padronização
Existe uma padronização para o uso de seringas e agulhas, assim como a técnica de aspiração da vacina, conforme explica Nunes. Caso esse padrão seja descumprido, a perda de líquido pode ocorrer durante a vacinação.
"A gente entende que tem uma dificuldade de aquisição desses materiais por causa da pandemia e, basicamente, as salas de aplicação usam o que tem", esclarece o gerente do Butantan.
Em muitas vezes, segundo Nunes, as salas de vacinação usam seringa de maior volume para aspirar meio mililitro de vacina e isso agrega perda no processo.
"O instituto entende que precisa dar uma atenção e avaliar esses casos dessa não padronização das salas de aplicações", pontua Nunes.
Fonte: G1