Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (9/4), a Organização Mundial de Saúde (OMS) comentou a situação do Brasil durante a pandemia da Covid-19. Bruce Aylward, conselheiro sênior para o diretor-geral, explica que o país vive um “inferno furioso” e que a situação é muito preocupante. Questionado sobre se a organização não pensa em mandar vacinas com urgência para o país, ele disse que não há estoque.
“Não temos vacinas disponíveis agora pela Covax Facility para reduzir o risco de pessoas que estão tentando entregar serviços e a população mais idosa. O que precisamos reforçar é que é crucial seguir os passos comprovados cientificamente para reduzir a velocidade do vírus, identificar os casos rapidamente, isolar imediatamente os infectados e seus contatos. Estamos falando disso há muito tempo, mas é o que diminui a transmissão mais rápido”, diz.
Ele ensina, ainda, que a vacina, embora muito importante para melhorar o cenário, não é suficiente. Segundo Aylward, mesmo quando há vacina, ela demora até chegar às pessoas, e só há doses para uma pequena porcentagem da população, além de precisar de dias para fazer efeito. “A imunização tem um efeito muito baixo em limitar o risco nesse momento. A situação do Brasil requer uma ação aplicada em escala massiva“, afirma.
Maria Van Kerkhove, infectologista à frente da resposta da OMS à pandemia, lembrou, mais uma vez, que não é apenas uma medida que vai controlar a pandemia, mas, sim, um conjunto de ações com suporte dos líderes e dos governos. “O que vai controlar o coronavírus é cada um fazendo a sua parte, com uma movimentação geral. A trajetória da pandemia no mundo está indo na direção errada, e temos as ferramentas para prevenir infecções e salvar vidas”, explica.
Os diretores da entidade também descartaram ignorar o governo federal e lidar diretamente com governadores e prefeitos. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização, lembrou da conversa com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e espera que o contato ajude a seguir em frente com a parceria entre a OMS e o Brasil.